ALERTA!
Tempo de Leitura
Acostumados aos avanços da tecnologia que nos consome a cada segundo, conduzindo-nos por páginas e páginas virtuais de novidade, imaginar uma criança embevecida, feliz e curiosa em ler um livro, parece-nos tão distante. O prazer de ler. Tão esquecido. Tão necessário. Tão desestimulado.
Segundo uma pesquisa realizada pelo norte-americano Nicholas Carr, o uso excessivo da tecnologia vem distanciando o homem da leitura. É um alerta seríssimo à sociedade pós-moderna: a internet afeta o funcionamento do cérebro e a capacidade de raciocínio. Uma verdadeira fábrica de distraídos.
Formado em Literatura, Carr percebeu certa dificuldade de concentração durante a leitura de uma obra. Assombrou-se. Sua atividade preferida estava se tornando uma tarefa enfadonha e pouco prazerosa. Atinou que essa insuficiência de centralização do pensamento estava diretamente ligada ao tempo excessivo dedicado à internet.
A ligeireza da informação e a enormidade de estímulos da rede desviam nossa atenção o tempo todo, impedindo-nos de direcioná-la a uma única informação, imagem ou dado. Daí a superficialidade e a brevidade com que lidamos com as questões que envolvem o mundo e as gentes. Da mesma forma, e muito antes, alertou-nos Charles Chaplin, no filme O Grande Ditador: “Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”
Essa situação impõe que pais e educadores orientem o tempo que os jovens passam diante de uma tela de computador. É urgente que se resgate o prazer pela leitura do texto impresso, muitas vezes contemplativa e individual. O grande desafio que se apresenta é o de buscar o equilíbrio entre “o novo e o velho”. Os caracteres e as palavras. A frieza da tela e o calor dos sentimentos. O deletar e o acolher. A razão cibernética e a emoção aviventada. A rede e os laços humanos. A máquina e o homem.
Chalita, Gabriel. Tempo de leitura. Profissão Mestre. Curitiba, v.13, n.148, jan. 2012. p.21.